"Hoje de manhã eu fui à feira, mas antes de sair, meu patrão me pediu para eu trazer figo. Aí eu perguntei:
- - Figo fruta ou bife de figo?
O homem ficou uma fera. Gente fina o seu Adamastor, num ligo pros ataques dele porque ele tem sistema nervoso. Também, com um emprego chato daqueles. Ele é Fiscal da Receita, deve ser um saco ficar conferindo receita de médico o dia inteiro.
Depois chegou o Adamastorzinho, o filho mais novo deles. Acabou de ganhar um carro todo equipado: Tem roda de maionese, farol de pilha, teto ensolarado e trio elétrico. Não sei porque trio elétrico num carro, deve ser porque ele gosta de música baiana. Ingrato esse Adamastorzinho, fiz a comida preferida dele e ele ainda me chamou de burra. Eu disse a ele, toda boba, quando ele chegou:
- - Adamastorzinho, adivinha a comida que eu fiz pra você?
- - Qual, Dircinéia?
- - Começa com "i"...
- - I???
- - É, iiiiiii !!!
- - iiiiiiiii num sei.
- - Pensa: iiiiiiiii ...
- - Huuuummm, desisto.
- - Istrogonofi !!!
Aproveitei a ausência dos patrão, peguei o telefone e fofoquei com a amiga Craudete:
- - Cê num sabe da úrtima? Eu descubri que aqui nessa mansão que eu trabaio é tudo fachada!
- - Como assim, Dircinéia?
- - Nada aqui é dos patrão! Tudo é imprestado! TUDO! Cê acridita numa coisa dessas?
- - Me explica direito!
- - Óia só: a rôpa que o patrão usa é dum tal de Armani... a gravata é dum tal de Perre Cardine... os moveis são do tal Luis Quinze, o carro é de uma tal de Mercedes... nadica de nada é deles.
- - Nooooossa, que pobreza!
- - E além de pobre, eles são muito ixibidos, magina que ôtro dia eu escutei o patrão no telefone falano que tinha um Picasso.
- - E num tem?
- - Que nada, fia... é piquinininho de dá dó!"
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